CEF N. Sª de Fátima, de Planaltina, é referência em gestão escolar no DF
20/08/2009
A aprovação entre os 900 alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental saltou de 71% para quase 90%. O segredo? A participação efetiva da comunidade escolar
o presidente da APM, Divino Borges da Silva
Todo mundo tem voz e vez no Centro de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima (CEFNSFAT), em Planaltina. Diretor, professores, funcionários, alunos, famílias e representantes da comunidade se unem em torno de um único objetivo: a qualidade no ensino. O modelo de Gestão Compartilhada rendeu à escola o mérito de representar o Distrito Federal no Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar.
“A participação efetiva da comunidade escolar é o segredo para os resultados alcançados, pois fez com que a escola olhasse para dentro de si mesma e isso resultou em mudanças positivas”, comemora o diretor Nilvan Pereira de Vasconcelos, há seis anos no cargo.
Durante esse período, a escola, que completou 13 anos de existência nesta quarta-feira, dia do aniversário de Planaltina, foi repaginada. A aprovação entre os 900 alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental saltou de 71% para quase 90%. Os espaços físicos foram reformulados e os métodos de avaliação evoluíram.
A proposta pedagógica do CEFNSFAT inclui 27 projetos voltados para temas como meio ambiente, prevenção contra as drogas, cultura de paz e cidadania, educação alimentar, informática, literatura, ciências, talentos da cultura local, música, esporte, correção da defasagem idade-série e artes marciais.
Outro ponto forte é a abertura dos portões nos fins-de-semana para a comunidade. Neste aspecto, um dos projetos é o Ação Social/Dia da Família, com atividades como: corte de cabelo, ginástica, oficinas artesanais e culturais, dinâmicas de grupo e jogos esportivos.
Parcerias
A maioria dos projetos é desenvolvida com a colaboração não só de pessoas e instituições locais, como de parceiros de outras cidades do DF.
No Projeto “Conte Comigo”, moradores de Planaltina, que tenham vontade de auxiliar, fazem um cadastro e relatam no que podem contribuir. Quando a escola precisa de qualquer tipo de serviço, vai primeiro a este banco de dados. Há desde lojistas que disponibilizam materiais e mão-de-obra até pessoas que dedicam algumas horas ao trabalho voluntário.
Somente por intermédio do Programa Parceiros da Escola, uma iniciativa da Secretaria de Educação, o CEFNSFAT já conta com 24 apoiadores. Com isso, foi possível agilizar obras como a reforma do prédio, a construção de uma sala para alunos com necessidades especiais e de um palco, em uma área coberta, para a realização de eventos culturais e reuniões.
“Sou muito feliz por trabalhar aqui, porque todo mundo é tratado de igual pra igual, tem união. A escola ouve a opinião da gente, muda quando é preciso”, conta Divino Borges da Silva, presidente da Associação de Pais e Mestres, dois filhos no CEFNSFAT e porteiro da escola. “Uma das coisas que me deixa alegre é que eu aprendi a falar melhor, a participar de verdade. Antes, eu era mais encabulado, só fui até o antigo primário”, completa Divino.
Avaliação compartilhada
Uma das mudanças, a partir da visão de pais e alunos, foi a forma de avaliação de rendimento escolar. A escola aposentou o tradicional método de provas individuais, onde cada professor elaborava seus testes, sem levar em consideração o universo de conteúdos aos quais os estudantes têm acesso.
Atualmente, as provas são divididas em duas áreas: humanas e exatas, aplicadas bimestralmente, em dois dias. A diferença é que os conteúdos são inter-relacionados, a partir de um tema básico, como, por exemplo, a cidade de Planaltina. O professor de história pode abordar as questões sócio-políticas da região, o de artes temas relacionados à arquitetura e o de matemática pode trabalhar operações por meio de dados populacionais.
Bianca Mariana Sales Vieira, 13 anos, aluna da 7ª série, é uma das defensoras da metodologia. “Depois que mudou, passei a ver mais sentido em tudo que é ensinado, antes eu tinha dificuldade em associar os temas”, avalia. “Outra coisa muito bacana, aqui na escola, é que os professores têm paciência com essa nossa fase de aborrecimento, porque a verdade é que a gente fica diferente, se irrita por qualquer coisa”, diz a garota, referindo-se ao fato de estar na adolescência.
O Prêmio
Reconhecido como um dos mais importantes instrumentos de auto-avaliação das escolas públicas do país, o concurso é realizado em conjunto pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Fundação Roberto Marinho, com apoio da Embaixada dos Estados Unidos e dos institutos Gol e Gerdau.
Nilvan será contemplado com uma viagem aos Estados Unidos, para intercâmbio com escolas norte-americanas. A escola receberá R$ 2 mil e uma coletânea de vídeos educativos.
